sábado, 26 de outubro de 2013

Entrevista com Dr. Ruiz, advogado especialista em previdência e direitos trabalhista ( Part I )


Conforme anunciado, estamos publicando a entrevista realizada com o Dr Ruiz em seu escritório em Santo André.Devido a riqueza de informação, estamos dividindo a entrevista em 3 partes.Hoje trataremos da aposentadoria especial.
Estiveram presentes neste dia (24/10), Eu (Jorge Loureiro), o companheiro Rodrigo e o companheiro Humberto, membros do movimento Opinião Metalúrgica da Baixada Santista.
Fomos recebidos pelo Dr. Edimar Hidalgo Ruiz, membro chefe do escritório RUIZ ADVOGADOS, ao qual somam-se mais 5 advogados.

Seque abaixo a entrevista:

Opinião Metalúrgica
Pergunta:

-Sr. Ruiz, lá na "área" estamos tendo várias dúvidas a respeito de aposentadoria e a informação que nós chegou é que este escritório está conseguindo na justiça exito mais mais rapidez do que nos escritórios lá da baixada, gostaríamos de qual é a sua metodologia?

Dr.Ruiz
Resposta:

- Não tem nenhum segredo, apenas guando entramos  na justiça com o processo em nome da pessoa, empenetramos junto um Mandato de Segurança.

Opinião Metalúrgica

-E cabe isto ?

Dr. Ruiz

-Se dúvida alguma

Opinião Metalúrgica

-Como e desde guando seu escritório vem empenetrando estes mandatos?

Dr. Ruiz

- Desde 2007 estamos aplicando este procedimento.O mandato de segurança é previsto em lei e serve também para aposentadorias, tendo prioridade sobre outros processos que estejam transitando nas varas.

Opinião Metalúrgica:

-Qual o prazo que o Sr está conseguindo com isto?

Dr. Ruiz

-90 a 120 dias. Inclusive temos alguns companheiros de vocês  na Usiminas que conseguimos dentro deste prazos ( mostra para nós o ultimo caso que conseguiu  de um companheiro da Usiminas).Gostaria de salientar que temos hoje 15 processos de funcionários da Usiminas, fora isto já aposentados várias centenas de pessoas da região do ABC e inclusive pessoas de outros Estados ; tais como Pernambuco.Obviamente estamos falando de 1ª estância; porém o mandato de segurança garante também a tramitação com mais rapidez em 2ª estância

Opinião Metalúrgica:

-Isto quer dizer que que o resultado é garantido?

Dr Ruiz

-Até hoje está sendo um sucesso

Opinião Metalúrgica:

-E a  fundamentação é importante, ou o juiz somente analisa os PPP,s?

Dr Ruiz

-Podemos dizer que a fundamentação é a alma de todo o processo, pois será através dela que o juiz fará o comparativo com o PPP, e a alegação do indeferimento do INSS ( mostra mais uma vez o processo do companheiro da Usiminas como exemplo).Vejam neste processo o PPP é controverso e isto propiciou ao INSS indeferir o pedido, porém se fizermos uma média dos valores encontrados nele veremos que ultrapassa os 90 decibéis, com isto e com outros casos ganhos na justiça, fundamento a tese e ajudo o juiz na sua interpretação.

Opinião Metalúrgica:

-Eletricidade também dá direto a especial:

Dr. Ruiz:

-Sem dúvida, aliás mais fácil do que o ruído, desde que sua exposição seja acima de 250volt,s,


Opinião Metalúrgica:

-O curso de Espaço Confinado serve como prova para pleitear especial?

Dr. Ruiz

-Sem dúvida alguma

Opinião Metalúrgica:

-E o calor?

Dr. Ruiz:

-Acima de 27,6 graus

Opinião Metalúrgica:

-Tempo nas Forças Armadas é  considerado especial?

Dr. Ruiz

-Não
.O escritório do Dr. Ruiz fica na:
Av. Queiros dos Santos nº 1552
sala 5-Casa Branca
Santo André
Fones (11) 2102-8888
4427-3100/4427-6308
contato@ruizadvogados.adv.br
www.ruizadvogados.adv.br

.Na Próxima feira estaremos publicando a matéria sobre as ações do Fundo de Garantia e a opinião do Dr. Ruiz sobre este tema.Até lá


terça-feira, 23 de julho de 2013

"PL de Mabel precariza salários e condições de trabalho", alerta Partido dos Trabalhadores


Em nota, o Partido dos Trabalhadores (PT) apoia a luta da CUT e das centrais sindicais contra o Projeto de Lei 4330 que trata da terceirização no Brasil. Para o PT, o PL de Sandro Mabel quer "precarizar salários e condições de trabalho, além de desorganizar a estrutura sindical que representa os trabalhadores". O Portal FEM-CUT/SP publica a seguir:
 PL 4330, do deputado Sandro Mabel, representa uma nova tentativa de sabotar uma das grandes conquistas dos trabalhadores brasileiros, que é a legislação trabalhista que assegura, sob o comando dos artigos 7 e 8 da CF, direitos de representação e contratação coletiva.
O projeto pretende legalizar, de maneira ampla e irrestrita, a terceirização em todos os processos produtivos. Isso significa precarizar salários e condições de trabalho, além de desorganizar a estrutura sindical que representa os trabalhadores.
A CUT coordena, com outras centrais sindicais, a resistência a mais esse ataque da direita aos trabalhadores. Por reivindicação dessas centrais, o governo instalou uma mesa quadripartite de negociação, iniciativa que aplaudimos.
No entanto, o lobby dos setores mais atrasados do empresariado continua atuando fortemente junto as deputados pela aprovação deste projeto. Se a negociação não resultar em mudança estrutural do projeto, somente a mobilização poderá impedir o retrocesso para as relações trabalhistas e sindicais. 
Nesse sentido, apoiamos a luta da CUT e demais centrais contra o PL 4330 e orientamos as instâncias partidárias a participar dessa mobilização e orientamos nossa bancada a trabalhar pela rejeição do projeto.
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Congresso emperra reforma política e esquece protestos nas ruas


A preferência de Alves (frente) por Vaccarezza (fundo) é emblemática em termos de intenções Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Um mês após a presidenta Dilma Rousseff ir à televisão propor em rede nacional os cinco pactos como resposta às manifestações de junho, um balanço do trabalho do Congresso Nacional mostra que os protestos foram gradualmente esquecidos por deputados e senadores. Se não fizeram ouvidos moucos à "voz das ruas" nas primeiras semanas, em meio a uma pressão social mais clara, líderes do Legislativo parecem agora trabalhar para um retorno à "normalidade", especialmente se isso representar uma nova desconexão entre a vontade popular e a vida partidária tradicional.
Inicialmente, Câmara dos Deputados e Senado aceleraram consideravelmente a tramitação de uma série de propostas relacionadas aos pontos centrais das manifestações e das propostas de Dilma: responsabilidade fiscal, reforma política, mobilidade, saúde e educação. Porém, as principais ainda não foram votadas até o fim de sua tramitação e o recesso forçado de julho, irregular, parece dar indicações de que o ímpeto reformista perderá espaço no retorno ao trabalho.
Da parte do Executivo, as principais iniciativas foram, além da consulta popular, a Medida Provisória 621, que cria o programa Mais Médicos, e os R$ 50 bilhões que Dilma anunciou no dia 24 de junho para investimentos em obras de mobilidade urbana, o principal objeto das manifestações, ou pelo menos o estopim delas.
Em seu pronunciamento em cadeia nacional no dia 21 de junho, ela afirmou que o “foco” dos debates com prefeitos e governadores seria “primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS”.
Na questão dos royalties para a educação, o Projeto de Lei 323, de 2007, ficou para o segundo semestre. Não viraram lei o projeto que estabelece o fim do voto secreto nos plenários do Congresso e aquele que extingue foro especial por prerrogativa de função nos casos de crimes comum, sem mencionar a principal agenda do Palácio do Planalto, o plebiscito sobre a reforma política.

PEC
Há as matérias que foram “ressuscitadas”, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90, de 2011, da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), que introduz o transporte público no rol dos direitos sociais. Esta proposta foi aprovada nos colegiados, mas agora se aguarda a criação de uma comissão especial para debater o tema.
No contexto pós-manifestações, a professora Maria do Socorro Sousa Braga, da Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diz que o Executivo “tomou a dianteira, conforme a tradição presidencialista, e o Legislativo reagiu a isso”. A principal proposta, para ela, é a da reforma política, embora esta esteja patinando nas negociações.
As duas matérias do Legislativo cuja importância Maria do Socorro ressalta são emblemáticas da atual conjuntura: a PEC 20, de 2013, que estabelece o fim do voto secreto em processos de cassação de mandato de parlamentares, e a PEC 10, de 2013, que extingue foro especial por prerrogativa de função nos casos de crimes comuns.
A primeira foi aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e está prevista para ir a plenário no segundo semestre, e a segunda foi incluída entre as prometidas para a ordem do dia depois do recesso parlamentar, em agosto. Maria do Socorro chama a atenção para o fato de que ambas ainda não podem ser incluídas como conquistas, já que não viraram realidade.
Andréa Marcondes de Freitas, pesquisadora do Núcleo de Instituições Políticas e eleitorais do Cebrap e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, vê com algum ceticismo a celeridade imposta pelo Congresso nas últimas semanas. “Talvez só na Constituinte (1988) a gente tenha visto esse número de coisas serem votadas em um dia, em uma semana. Nesse sentido tem uma mudança. Mas não sei se é uma mudança permanente ou se é uma resposta para acalmar a população, dar a sensação de que os políticos não estão desatentos ao desejo social. Se vai ser uma mudança permanente ou não vamos ver nos próximos meses”, diz.
Uma das propostas mais claramente inseridas no contexto da “resposta às ruas” é o Projeto de Lei do Senado 248/2013, que institui o Passe livre para estudantes de todo o país. De autoria de ninguém menos do que o presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), o projeto foi protocolado dia 25 de junho, mas também não andou.
PMDB e reforma política

Reforma política
A “agenda da sociedade”, como define o próprio Calheiros, porém, não privilegiou a reforma política, considerada por alguns a mais importante de todas. A ideia emperrou em grande parte devido à falta de empenho do próprio PMDB, partido que domina as presidências da Câmara e do Senado e a vice-Presidência da República. A sigla continua sendo “uma confederação nacional de interesses” ao mesmo tempo em que tem o maior número de prefeituras no país. Em 2012, conquistou 1.024 dos 5.568 municípios, seguido pelo PSDB (702) e pelo PT (635).
Como sua capilaridade foi construída sob o atual sistema político, o partido não tem por que arriscar uma reforma profunda cujos efeitos possam ser imprevisíveis. Após rejeitar a proposta de promover um plebiscito ainda este ano, o PMDB conseguiu emplacar uma comissão especial da Câmara para debater e apresentar em 90 dias propostas que serão levadas a plenário. A população, se chamada a opinar, irá basicamente referendar as mudanças acordadas dentro do Legislativo. Para complicar mais a situação, o grupo de debates é comandado por Cândido Vaccarezza (SP), que não conta sequer com o apoio do próprio partido, o PT, que gostaria de ver na cabeça dos trabalhos alguém com vontade efetiva de mudanças.
Andréa, do Cebrap, porém, acredita que “colocar tudo na conta do PMDB não é muito justo”. “Muita gente não quer a reforma, não é só o PMDB”, adverte. Para ela, a ideia de que a reforma seria a base de mudanças estruturais no país é até certo ponto ilusória. “Não tem como, por exemplo, mudando o sistema eleitoral, transformar o que está na base dos partidos, a sua constituição.”
A pesquisadora diz ser a favor de que o sistema eleitoral continue “exatamente como é hoje”. Supondo que o sistema mudasse para o distrital, no qual vence simplesmente quem tem mais votos, Andréa fez uma simulação: “Se os eleitores votassem exatamente como votaram nas últimas eleições, o PMDB não perderia vagas, muito pelo contrário, ele aumentaria seu poder. Quem perde são os pequenos partidos.”
Seja como for, graças à sua configuração, sua presença constante no Executivo desde a redemocratização e sua capilaridade, o PMDB continua com seu perfil ambíguo: “Tem o vice-presidente da República e, no entanto, Dilma não tem o apoio total do partido nem no Executivo, nem no Legislativo”, ressalta Maria do Socorro, da UfsCar. Ela não acredita em uma reforma política ampla na atual conjuntura. “A não ser que a população mantenha as manifestações."

Propostas em tramitação
PEC 20/2013 (senador Paulo Paim, PT-RS) – Fim do voto secreto em processos de cassação de mandato – segundo semestre
PEC 10/2013 (senador Alvaro Dias, PSDB-PR) – Extingue foro privilegiado em crimes comuns – indicada para a CCJ a partir de agosto e segue tramitação no segundo semestre
PEC 3/2011 (senador Rodrigo Rollemberg, PSB, DF)  –  diminui o número de assinaturas necessárias para a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular – aprovada no Senado, seguiu para a Câmara
PLC 103/2012 (do Executivo) – Aprova o Plano Nacional de Educação – Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do senado
PLS 204/2011 (senador Pedro Taques, PDT-MT ) – Corrupção passa a ser crime hediondo – Aprovado no Senado, seguiu para a Câmara dos Deputados
PLC 41/2013 – destina 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para a saúde – aprovada com modificações no Senado, voltou para a Câmara, onde a decisão ficou para o segundo semestre
PEC 90/2011 (Luiza Erundina - PSB-SP) – introduz o transporte público no rol dos direitos sociais – aprovada na CCJ da Câmara, terá uma Comissão Especial instalada
PEC 34/2011 (senador Vital do Rego, PMDB-PB) – Cria carreira de estado de médico, com dedicação exclusiva ao SUS – Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.
Projetos Aprovados
PLS 240/2013 (José Pimentel, PT-CE) – Distribuição dos recursos do FPE – Enviado para sanção presidencial
PLC 3/2013 – Atendimento integral pelo SUS às mulheres vítimas de violência sexual – Enviado para sanção presidencial.
PLC 39/2013 (do Executivo) – responsabiliza pessoas jurídicas por ato de corrupção de agente público – Enviado para sanção presidencial
Com informações da Rede Brasil Atual 

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sábado, 20 de julho de 2013

O esquema que saiu dos trilhos


BRASIL
|  N° Edição:  2279 |  19.Jul.13 - 20:40 |  Atualizado em 20.Jul.13 - 20:18

Um propinoduto criado para desviar milhões das obras do Metrô e dos trens metropolitanos foi montado durante os governos do PSDB em São Paulo. Lobistas e autoridades ligadas aos tucanos operavam por meio de empresas de fachada

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
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PROTEÇÃO GARANTIDA
Os governos tucanos de Mario Covas (abaixo), 
Geraldo Alckmin
José Serra (acima) nada fizeram para conter o esquema de corrupção
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Ao assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a multinacional alemã Siemens lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos. Em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos. Para vencerem concorrências, com preços superfaturados, para manutenção, aquisição de trens, construção de linhas férreas e metrôs durante os governos tucanos em São Paulo – confessaram os executivos da multinacional alemã –, os empresários manipularam licitações e corromperam políticos e autoridades ligadas ao PSDB e servidores públicos de alto escalão. O problema é que a prática criminosa, que trafegou sem restrições pelas administrações de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, já era alvo de investigações, no Brasil e no Exterior, desde 2008 e nenhuma providência foi tomada por nenhum governo tucano para que ela parasse. Pelo contrário. Desde que foram feitas as primeras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o MP de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema. Agora, diante deste novo fato, é possível detalhar como age esta rede criminosa com conexões em paraísos fiscais e que teria drenado, pelo menos, US$ 50 milhões do erário paulista para abastecer o propinoduto tucano, segundo as investigações concluídas na Europa.
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SUSPEITOS
Segundo o ex-funcionário da Siemens, Ronaldo Moriyama (foto menor),
diretor da MGE, e Décio Tambelli, ex-diretor do Metrô, integravam o esquema
As provas oferecidas pela Siemens e por seus executivos ao Cade são contundentes. Entre elas, consta um depoimento bombástico prestado no Brasil em junho de 2008 por um funcionário da Siemens da Alemanha. ISTOÉ teve acesso às sete páginas da denúncia. Nelas, o ex-funcionário, que prestou depoimento voluntário ao Ministério Público, revela como funciona o esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e fornece os nomes de autoridades e empresários que participavam da tramoia. Segundo o ex-funcionário cujo nome é mantido em sigilo, após ganhar uma licitação, a Siemens subcontratava uma empresa para simular os serviços e, por meio dela, realizar o pagamento de propina. Foi o que aconteceu em junho de 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, quando a empresa alemã venceu o certame para manutenção preventiva de trens da série 3000 da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos). À época, a Siemens subcontratou a MGE Transportes. De acordo com uma planilha de pagamentos da Siemens obtida por ISTOÉ, a empresa alemã pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos R$ 2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE para serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM, segundo a denúncia. Para não deixar rastro da transação, os saques na boca do caixa eram sempre inferiores a R$ 10 mil. Com isso, o Banco Central não era notificado. “Durante muitos anos, a Siemens vem subornando políticos, na sua maioria do PSDB, e diretores da CPTM.
A MGE é frequentemente utilizada pela Siemens para pagamento de propina. Nesse caso, como de costume, a MGE ficou encarregada de pagar a propina de 5% à diretoria da CPTM”, denunciou o depoente ao Ministério Público paulista e ao ombudsman da empresa na Alemanha. Ainda de acordo com o depoimento, estariam envolvidos no esquema o diretor da MGE, Ronaldo Moriyama, segundo o delator “conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade quando se fala em subornar o pessoal do Metrô de SP e da CPTM”, Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo, Luiz Lavorente, ex-diretor de Operações da CPTM, e Nelson Scaglioni, ex-gerente de manutenção do metrô paulista. Scaglioni, diz o depoente, “está na folha de pagamento da MGE há dez anos”. “Ele controla diversas licitações como os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do Metrô, onde a MGE deita e rola”. O encarregado de receber o dinheiro da propina em mãos e repassar às autoridades era Lavorente. “O mesmo dizia que (os valores) eram repassados integralmente a políticos do PSDB” de São Paulo e a partidos aliados. O modelo de operação feito pela Siemens por meio da MGE Transportes se repetiu com outra empresa, a japonesa Mitsui, segundo relato do funcionário da Siemens. Procurados por ISTOÉ, Moriyama, Freyze, Tambelli, Lavorente e Scaglioni não foram encontrados. A MGE, por sua vez, se nega a comentar as denúncias e disse que está colaborando com as investigações.
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Além de subcontratar empresas para simular serviços e servir de ponte para o desvio de dinheiro público, o esquema que distribuiu propina durante os governos do PSDB em São Paulo fluía a partir de operações internacionais. Nessa outra vertente do esquema, para chegar às mãos dos políticos e servidores públicos, a propina circulava em contas de pessoas físicas e jurídicas em paraísos fiscais. Uma dessas transações contou, de acordo com o depoimento do ex-funcionário da Siemens, com a participação dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira, através de suas respectivas empresas Procint E Constech e de suas offshores no Uruguai, Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Neste caso específico, segundo o denunciante, a propina foi paga porque a Siemens, em parceria com a Alstom, uma das integrantes do cartel denunciado ao Cade, ganhou a licitação para implementação da linha G da CPTM. O acordo incluía uma comissão de 5% para os lobistas, segundo contrato ao qual ISTOÉ teve acesso com exclusividade, e de 7,5% a políticos do PSDB e a diretores da área de transportes sobre trilho. “A Siemens AG (Alemanha) e a Siemens Limitada (Brasil) assinaram um contrato com (as offshores) a Leraway e com a Gantown para o pagamento da comissão”, afirma o delator. As reuniões, acrescentou ele, para discutir a distribuição da propina eram feitas em badaladas casas noturnas da capital paulista. Teriam participado da formação do cartel as empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui. Coube ao diretor da Mitsui, Masao Suzuki, guardar o documento que estabelecia o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados por empresa na licitação.
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Além de subcontratar empresas que serviram de ponte para o desvio
de dinheiro público, o esquema valeu-se de operações em paraísos fiscais
Os depoimentos obtidos por ISTOÉ vão além das investigações sobre o caso iniciadas há cinco anos no Exterior. Em 2008, promotores da Alemanha, França e Suíça, após prender e bloquear contas de executivos do grupo Siemens e da francesa Alstom por suspeita de corrupção, descobriram que as empresas mantinham uma prática de pagar propinas a servidores públicos em cerca de 30 países. Entre eles, o Brasil. Um dos nomes próximos aos tucanos que apareceram na investigação dos promotores foi o de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nomeado pelo então governador tucano Mário Covas. No período em que as propinas teriam sido negociadas, Marinho trabalhava diretamente com Covas. Proprietário de uma ilha paradisíaca na região de Paraty, no Rio de Janeiro, Marinho foi prefeito de São José dos Campos, ocupou a coordenação da campanha eleitoral de Covas em 1994 e foi chefe da Casa Civil do governo do Estado de 1995 a abril de 1997. Numa colaboração entre promotores de São Paulo e da Suíça, eles identificaram uma conta bancária pertencente a Marinho que teria sido abastecida pela francesa Alstom. O MP bloqueou cerca de US$ 1 milhão depositado. Marinho é até hoje alvo do MP de São Paulo. Procurado, ele não respondeu ao contato de ISTOÉ. Mas, desde que estourou o escândalo, ele, que era conhecido como “o homem da cozinha” – por sua proximidade com Covas –, tem negado a sua participação em negociatas que beneficiaram a Alstom.
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Entre as revelações feitas pela Siemens ao Cade em troca de imunidade está a de que ela e outras gigantes do setor, como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui, reuniram-se durante anos para manipular por meios escusos o resultado de contratos na área de transporte sobre trilhos. Entre as licitações envolvidas sob a gestão do PSDB estão a fase 1 da Linha 5 do Metrô de São Paulo, as concorrências para a manutenção dos trens das Séries 2.000, 3.000 e 2.100 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a extensão da Linha 2 do metrô de São Paulo. Também ocorreram irregularidades no Projeto Boa Viagem da CPTM para reforma, modernização e serviço de manutenção de trens, além de concorrências para aquisição de carros de trens pela CPTM, com previsão de desenvolvimento de sistemas, treinamento de pessoal, apoio técnico e serviços complementares.
Com a formação do cartel, as empresas combinavam preços e condicionavam
a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação superfaturada
Com a formação do cartel, as empresas combinavam preços e condicionavam a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação também superfaturada. Outra estratégia comum era o compromisso de que aquela que ganhasse o certame previamente acertado subcontratasse outra derrotada. Tamanha era a desfaçatez dos negócios que os acordos por diversas vezes foram celebrados em reuniões nos escritórios das empresas e referendados por correspondência eletrônica. No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas. A Operação Linha Cruzada da Polícia Federal executou mandados judiciais em diversas cidades em São Paulo e Brasília. Apenas em um local visitado, agentes da PF ficaram mais de 18 horas coletando documentos. Ao abrir o esquema, a Siemens assinou um acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus executivos isenção caso o cartel seja confirmado e condenado. A imunidade administrativa e criminal integral é assegurada quando um participante do esquema denuncia o cartel, suspende a prática e coopera com as investigações. Em caso de condenação, o cartel está sujeito à multa que pode chegar a até 20% do faturamento bruto. O acordo entre a Siemens e o Cade vem sendo negociado desde maio de 2012. Desde então, o órgão exige que a multinacional alemã coopere fornecendo detalhes sobre a manipulação de preços em licitações. 
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Só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões. “Os tucanos têm a sensação de impunidade permanente. Estamos denunciando esse caso há décadas. Entrarei com um processo de improbidade por omissão contra o governador Geraldo Alckmin”, diz o deputado estadual do PT João Paulo Rillo. Raras vezes um esquema de corrupção atravessou incólume por tantos governos seguidos de um mesmo partido numa das principais capitais do País, mesmo com réus confessos – no caso, funcionários de uma das empresas participantes da tramoia, a Siemens –, e com a existência de depoimentos contundentes no Brasil e no Exterior que resultaram em pelo menos 15 processos no Ministério Público. Agora, espera-se uma apuração profunda sobre a teia de corrupção montada pelos governos do PSDB em São Paulo. No Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin disse que espera rigor nas investigações e cobrará o dinheiro que tenha sido desviado dos cofres públicos.
Montagem sobre foto de: Carol Guedes/Folhapress (abre); FOTOS: RICARDO STUCKERT; Folhapress; EVELSON DE FREITAS/AE

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Protesto no ABC paulista reúne 20 mil metalúrgicos e outras categorias


Ato Paço municipal ABC - Foto: Marize Muniz
Cerca de 20 mil metalúrgicos, químicos, jornalistas, bancários, rodoviários, trabalhadores da construção civil e de outras categorias, filiadas à CUT e as demais centrais sindicais, e movimentos sociais lotaram o Paço Municipal de São Bernardo do Campo na manhã desta quinta-feira, dia 11. Os manifestantes participaram, de forma pacífica, do Dia Nacional de Lutas, organizado pela CUT e centrais sindicais, em todo o País.
A atividade teve início, às 7h30, com uma passeata organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que percorreu a pista da via Anchieta rumo ao Paço municipal.
A necessidade de uma reforma política, com a realização de um plebiscito, e a urgente votação das reivindicações da classe trabalhadora no Congresso Nacional deram o tom da manifestação. “O nosso sistema político está apodrecido e falido.  Esta classe política não está olhando para a população, mas apenas para seus interesses. É um absurdo o presidente do Senado usar um avião da FAB para ir ao evento familiar”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
O sindicalista também chamou a atenção para a importância de uma mídia democrática. “Fizemos um grande ato em Brasília, no dia 6 de março, com as centrais sindicais e, infelizmente, foi escondida pela grande imprensa”, disse.
O presidente do SMABC comentou que o Sindicato recebeu na quarta-feira, dia 10, e-mails de pessoas criticando a atividade da CUT e das centrais. “Estas pessoas disseram que nós estamos acuados e estou aqui para dizer que isso é mentira. Este ato é apenas o começo”.

Engavetada

O presidente da CUT, Vagner Freitas, também defendeu uma reforma política no Brasil. “Hoje, temos 400 parlamentares que são bancados por empresários e banqueiros e eles nunca votaram projetos de interesse da classe trabalhadora. Defendemos um plebiscito urgente sobre a reforma política no País”, conta.
Freitas comentou que a pauta da classe trabalhadora, apresentada novamente em 6 de março, está engavetada no Congresso Nacional e até agora não foi apreciada. “Nós sabemos que o Brasil cresceu. Não existe um País democrático se o Estado não prover educação e saúde de qualidade. Também precisamos urgente de uma reforma tributária no Brasil. Hoje, o dono do jetski e o banqueiro não pagam impostos, mas os trabalhadores sim”, indagou.

“Sem-vergonhice”

Rafael e Vagner criticaram o projeto de lei aprovado pelo Congresso, na semana passada, que acaba com a multa adicional de 10% do FGTS nas demissões sem justa causa. “Isso é sem-vergonhice, Dilma vete este projeto”, afirma Vagner.

Sem máscara
Durante os discursos, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, o Paulão, chamou a atenção de um grupo de jovens que usava máscaras, pedindo para que eles tirassem. “Mostrem a cara, o nosso ato aqui é pacífico e quem estiver conosco tem que estar de cara limpa. O gigante nunca esteve adormecido”, concluiu.
A manifestação no Paço Municipal em São Bernardo do Campo reuniu lideranças do ramo metalúrgico cutista, como a Secretária da Mulher da FEM, Andréa Sousa, o Secretário geral da CNM/CUT, João Cayres, e dirigentes de 24 sindicatos cutistas da região do ABC paulista. 
O diretor de Finanças da FEM-CUT/SP, José Paulo, que também participou da atividade criticou o projeto de terceirização 4330, de autoria do deputado federal, Sandro Mabel (PL-GO). "Conseguimos adiar a votação deste projeto para o dia 5 de agosto. Este PL é prejudicial, porque precariza as condições de trabalho da classe trabalhadora", comenta.

Avenida Paulista
Agora à tarde, os metalúrgicos  vão participar do Ato da CUT e centrais no vão livre do MASP, com uma caminhada pelo centro Paulista.

Confira a pauta da CUT e das centrais sindicais

-Redução da Jornada de Trabalho para 40h semanais, sem redução de salários;
-Contra o PL 4330, sobre Terceirização
-Fim do fator previdenciário;
-10% do PIB para a Educação;
-10% do Orçamento da União para a Saúde;
-Transporte público e de qualidade;
-Valorização das Aposentadorias;
-Reforma Agrária;
-Suspensão dos Leilões de Petróleo.

Pauta da CUT Nacional
-Plebiscito da reforma política.

Melhores momentos do Dia Nacional de Lutas da CUT e Centrais Sindicais em São Paulo

Confira a seguir os melhores momentos o Dia Nacional de Lutas da CUT e Centrais Sindicais que reuniu mais de 15 mil metalúrgicos, bancários, jornalistas, químicos, trabalhadores da construção civil, do transporte, do comércio e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, de organizações estudantis, mulheres e populares.  





 
Créditos: Rúbia Mara/Mídia Consulte

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Nota da CUT sobre os episódios relativos à tarifa de transporte coletivo




por CUT Nacional publicada em 17/06/2013 09:36
Para Central, falta de políticas públicas de mobilidade urbana é o real motivo das manifestações
Nota da CUT sobre os episódios relativos à tarifa de transporte coletivo

As recentes manifestações contra as tarifas dos transportes coletivos em várias capitais brasileiras ganharam visibilidade por conta da repressão policial e da violência que deixaram centenas de feridos e um rastro de destruição, principalmente em São Paulo.
Milhares de pessoas foram às ruas reivindicar redução de tarifa inferior a cinquenta centavos. É evidente que esta não é a real razão dos atos. O que as manifestações e seus desdobramentos desastrosos revelam é uma população, em especial a paulista, cansada de ser vítima da falta de uma política de mobilidade urbana.
Os trabalhadores e trabalhadoras do Estado de São Paulo e de outras regiões do País não aguentam mais enfrentar longas e intermináveis filas de espera por ônibus, trens e metrôs sempre lotados e de péssima qualidade para ir e voltar do trabalho.
O poder público precisa criar canais de diálogo e de negociação com a sociedade para, juntos, debater e encontrar e saídas à questão da mobilidade urbana.
Nesse sentido, a CUT se dispõe a conversar com o poder público e apresentar propostas que contribuam para a solução do problema, melhorem a qualidade do transporte coletivo e, consequentemente, a vida dos trabalhadores/as e da população em geral. Sugerimos também a realização de uma conferência para discutir a mobilidade urbana.
Uma das responsáveis pela construção da recente democracia brasileira, a Central Única dos Trabalhadores reafirma a sua posição em defesa da liberdade de manifestação e destaca que a repressão policial em nada contribui com o processo.
A CUT repudia os episódios de violência entre a polícia e grupos isolados e reconhece que em todo movimento legítimo pode haver pessoas que deturpam seus objetivos, mas essas são exceções e não justificam a criminalização de manifestações e atos legítimos. Não é possível generalizar e punir todos pela inconsequência de alguns.
No final da tarde da sexta-feira (14/6), a CUT entrou em contato com o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que se comprometeu a receber lideranças do movimento. A CUT defende a formação imediata de uma mesa de negociação e entendimento entre os atores envolvidos (movimentos sociais e os governos) nas questões de mobilidade urbana. A Central está disposta a participar dessa mesa e contribuir com o processo de solução desses conflitos e atender às necessidades básicas da sociedade, caso dos transportes públicos.
São Paulo, 14 de junho de 2013.


Vagner Freitas                                            Sérgio Nobre
Presidente Nacional da CUT                    Secretário-Geral Nacional da CUT